Flávio Bolsonaro é lançado por Bolsonaro para disputar Presidência em 2026

Mário Flávio - 05.12.2025 às 15:49h

O anúncio feito pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), de que foi escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para disputar a Presidência da República em 2026, acendeu um alerta imediato no campo político e redesenhou o tabuleiro da direita. A informação, revelada a aliados, indica que Bolsonaro orientou o filho mais velho a intensificar viagens pelo país, ampliar presença em eventos e adotar uma postura mais confrontadora em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O movimento ocorre em meio ao contexto delicado vivido pelo ex-presidente, que cumpre pena em regime fechado na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Ainda assim, Bolsonaro mantém forte influência sobre seu eleitorado e sobre as articulações nacionais da direita, que aguardavam uma definição sobre quem ocuparia o papel de candidato competitivo para enfrentar Lula — ou seu eventual sucessor — na eleição presidencial daqui a dois anos.

A escolha de Flávio, no entanto, tem impactos diretos sobre as outras alternativas que vinham sendo testadas e discutidas nos bastidores. Entre os nomes cotados no campo da direita estavam o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que busca se posicionar como opção mais moderada; o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado próximo do bolsonarismo, mas que prefere disputar sua reeleição; a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, mencionada por setores religiosos; e Romeu Zema (Novo), que tenta ocupar espaço nacional com discurso liberal.

Com a indicação de Flávio, parte dessas possibilidades se reorganiza. No núcleo duro do PL, a escolha tende a unificar a base mais fiel do bolsonarismo, garantindo um palanque nacional alinhado com a narrativa do ex-presidente. Por outro lado, o movimento pode aprofundar divisões com a direita não bolsonarista, que busca construir um nome competitivo sem depender diretamente da figura de Bolsonaro — especialmente diante da incerteza jurídica e eleitoral que envolve o ex-presidente e do desgaste acumulado em segmentos mais amplos do eleitorado.

A definição também cria um desafio para Flávio: transformar sua figura, hoje associada sobretudo à defesa do legado paterno, em um personagem com autonomia política capaz de enfrentar Lula num cenário nacional complexo. A disputa de 2026 será marcada não apenas pelo confronto ideológico, mas também pela capacidade de construir alianças, dialogar com setores econômicos e renovar a narrativa da direita após anos de polarização intensa.

Com a largada dada, a direita inicia um novo ciclo de negociações e reposicionamentos. Se Flávio Bolsonaro conseguirá reunir o campo conservador e se tornar o principal antagonista de Lula, ainda é cedo para afirmar. Mas uma coisa já está clara: o anúncio reposiciona forças, pressiona potenciais aliados e aproxima o país de mais um capítulo decisivo na disputa política nacional.